
Banqueiros reunidos numa conferência em Lisboa não veem qualquer razão para falar em excessos no imobiliário e no crédito.
Lisboa e Porto já fazem parte de outro mercado, o mercado global.
Lisboa e Porto já não fazem parte do mercado imobiliário português mas, sim, de um mercado global em que competem com outras capitais europeias. Por esta razão, não faz sentido achar que as valorizações dos preços são algo preocupante — e no resto do país o cenário é distinto, defendem os líderes de alguns dos principais bancos nacionais reunidos numa conferência, esta terça-feira, na capital portuguesa. Um dos presidentes, Miguel Maya (do MillenniumBCP), defendeu que, por causa dessa internacionalização de Lisboa e Porto, “dificilmente” os preços vão baixar nas principais cidades — se houver descidas, serão “marginais” e ligadas à nova oferta que virá para o mercado nos próximos dois anos.
O espanhol que hoje lidera o BPI, Pablo Forero, que participou na conferência do “Jornal de Negócios” garantiu à audiência que “podemos estar tranquilos” quando falamos no risco de valorizações excessivas ou possíveis correções súbitas nos preços. Forero traz na algibeira a experiência de ter trabalhado na banca espanhola num país que viveu, de facto, uma “bolha” nos preços da habitação, generalizada, não só nas principais cidades mas um pouco por todo o país. “Acho que a situação em Portugal é bastante razoável”, defendeu Pablo Forero, garantindo, no entanto, que é sempre preciso ter como objetivo “evitar excessos” mas, nisso, os “bancos portugueses estão a fazer um trabalho sério”.
Esse trabalho sério está a ser feito não só na concessão “criteriosa” de crédito, comentou Miguel Maya, do BCP, mas também no financiamento à promoção e construção. O MillenniumBCP já está a financiar projetos de promoção imobiliária mas, garante o seu novo presidente da comissão executiva, “com regras muito diferentes” do que aconteceu nos anos antes da crise, ou seja, de forma mais “criteriosa” e com métodos cautelosos de avaliação do risco e do valor dos ativos colaterais.
A nova oferta que vai chegar ao mercado pode levar ao que Miguel Maya chama um “ajustamento” dos preços, mas este “dificilmente” será mais do que algo marginal, sobretudo nas principais cidades, como Lisboa e Porto. O presidente do BCP lembrou que, ao passo que há alguns anos, estas cidades estavam enquadradas no mercado imobiliário português, hoje em dia isso já não acontece porque estas cidades já fazem parte de um outro mercado, o mercado internacional.
FONTE: Observador